quinta-feira, 12 de novembro de 2009

António Preto - O Homem da Mala


Há alcunhas que colam à pele como uma cicatriz.
Seja qual for o resultado do julgamento onde vai responder por fraude fiscal e falsificação de documentos, António Preto será sempre o homem da mala.
Segundo a acusação do Ministério Público, o deputado do PSD e candidato às próximas eleições legislativas, recebeu cerca de €40 mil em notas de dois empresários - Virgílio Sobral de Sousa e Jorge Silvério, também arguidos no processo. O dinheiro, sempre de acordo com o MP, destinava-se a financiar a campanha de António Preto para a liderança da distrital de Lisboa do PSD e foi entregue numa mala.
"Uma mala? Estou a ver dinheiro como nunca vi na vida, meu Deus!", admirou-se António Preto numa conversa telefónica com Sobral de Sousa, “apanhada” pela PJ. A escuta foi publicada nos jornais e a alcunha estava inventada.
O processo tem sido marcado por mais episódios risíveis: Preto é acusado de falsificar a assinatura da mulher numa declaração de IRS. Foi convocado para fazer uma perícia na PJ e apareceu com o braço direito engessado desde o pulso até ao ombro, porque teria um edema. Não podia assinar nada. Apresentou uma justificação assinada por um médico do serviço de Cirurgia Vascular do Hospital de Santa Marta, Edgar Berdeja, que era cunhado de António Preto e foi acusado de má prática pela Ordem dos Médicos: um edema não necessita de gesso para ser tratado.
A procuradora do processo, Leonor Furtado, agastada por não ter provas suficientes para acusar o político de corrupção criticou, por escrito, a actuação da PJ: "Não desenvolveu actividade investigatória relevante e não manifestou disponibilidade para de forma célere e empenhada coadjuvar o Ministério Público e o juiz de instrução criminal".
A acusação está pronta desde Novembro de 2005, mas os sucessivos recursos atrasaram o início do julgamento que deve arrancar ainda esta semana.
Rui Gustavo, "Expresso", 12 Novembro 2009

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