Todos queremos uma sociedade mais equitativa, todos queremos mais solidariedade, todos queremos uma vida melhor. Melhores serviços de saúde, melhores ordenados, melhores escolas, melhores reformas. Melhores estradas, melhores casas, melhor segurança. Melhor democracia. O que é absolutamente natural.
E, nesta base simples e fácil, os nossos políticos (dos partidos que temos), usam estes quereres com profundo entusiasmo, com prodigiosas construções mediáticas, com um instinto, adquirido ao longo de anos, cultivado pelos membros activos e dirigentes dos nossos partidos.
Esta extraordinária cultura de pseudo-causas, de defesa do óbvio, de manipulação das mais elementares aspirações de todos os seres humanos, é debitada em longos e pretensiosos discursos, que soam bem a quem ouve (até um dia), mas que na realidade nada dizem em termos de satisfação dos quereres de todos nós.
Se analisarmos, mesmo superficialmente, a grande maioria dos discursos debitados todos os dias pelos nossos políticos profissionais, chegaremos facilmente a uma mesma conclusão: o que os políticos nos dizem (salvo algumas poucas e notáveis excepções) são apenas truísmos vazios de soluções ou, até, de intenções.
Discursos muitas vezes bem elaborados, com elevada qualidade na construção, na escolha das palavras, na colocação de acentos e de parágrafos, mas sem uma única proposta concreta de solução, sem uma única indicação do caminho a seguir, sem compromissos (reais), mas cheios de um nada que nos vai distraindo e iludindo.
Os nossos políticos vão acentuando, destacando, os nossos quereres.
As respostas são as perguntas. Só que expostas de outra maneira.
É a cultura dos pontos, de exclamação e de interrogação.
Com os primeiros expõem a pergunta (o querer), com o segundo julgam os políticos (salvos as excepções, poucas) que nos contentam (ou será que alguns deles pensam que estão mesmo a dar respostas reais?).
Com as ideologias debitadas pelas esquerdas e direitas passa-se o mesmo. Todos nos dão respostas que não contêm, realmente, nada de concreto.
Ideologias que, aparentemente, querem o mesmo para todos nós, que aparentemente nos dão resposta a todos os nossos quereres.
Mas onde é que estão as soluções? Como é que vão satisfazer os nossos quereres? Onde é que estão as respostas concretas, da esquerda ou da direita, para a solução dos nossos quereres (dos nossos problemas)?
A grande maioria destes políticos que temos e que são fruto de nós próprios, falam muito, escrevem, discursam, respondem a entrevistas com duas ou três regras fundamentais e “sagradas” (para eles):
- Ganhar ou, pelo menos não perder votos (dentro do partido ou na sociedade).
- Manter viva a fidelidade dos seguidores e colaboradores por quem distribuem benesses).
- Insistir nas questões mais mediáticas, trabalhando a “roupagem”, fazendo considerações que sabem ressoarem bem nos ouvidos dos cidadãos e, com a repetição constante, as respostas serão entendidas, pelo povo, como verdadeiras soluções, boas e credíveis soluções.
Os discursos vão continuar, as entrevistas nos media não param, os colóquios não esmorecem:
Os nossos políticos não querem mudar nada, não querem reformar (a sério) o sistema, não querem “revoluções”, nem grandes perturbações.
Ninguém quer arriscar, ninguém se atreve a deitar abaixo e construir de novo. Nem nos respectivos partidos, nem muito menos no estado.
Lutam para manter e manterem-se, não querem, nem podem (?), arriscar pondo em causa regalias, privilégios, honras que os sustentam e os mantêm no topo da pirâmide do poder.
Mas o que é que será deste país e dos quereres de todos nós (quase todos) daqui a 10 ou 20 anos?
Os portugueses não desaparecerão tão cedo. Mesmo com uma taxa de natalidade baixa ainda duraremos muitos anos.
Mas o que é que terá acontecido para satisfazer os nossos quereres? Será que vamos ter um estado previdência impecável, verdadeiramente para todos, será que vamos ter e receber boas e justas respostas? Será que vamos ter empregos para todos? Será que vamos ter um nível de vida dentro da média europeia? Ou vamos continuar a ouvir e eleger políticos que aos nossos quereres respondem nada.
in Jornal "Diário de Notícias", "André Correia", 31 Agosto 2010
E, nesta base simples e fácil, os nossos políticos (dos partidos que temos), usam estes quereres com profundo entusiasmo, com prodigiosas construções mediáticas, com um instinto, adquirido ao longo de anos, cultivado pelos membros activos e dirigentes dos nossos partidos.
Esta extraordinária cultura de pseudo-causas, de defesa do óbvio, de manipulação das mais elementares aspirações de todos os seres humanos, é debitada em longos e pretensiosos discursos, que soam bem a quem ouve (até um dia), mas que na realidade nada dizem em termos de satisfação dos quereres de todos nós.
Se analisarmos, mesmo superficialmente, a grande maioria dos discursos debitados todos os dias pelos nossos políticos profissionais, chegaremos facilmente a uma mesma conclusão: o que os políticos nos dizem (salvo algumas poucas e notáveis excepções) são apenas truísmos vazios de soluções ou, até, de intenções.
Discursos muitas vezes bem elaborados, com elevada qualidade na construção, na escolha das palavras, na colocação de acentos e de parágrafos, mas sem uma única proposta concreta de solução, sem uma única indicação do caminho a seguir, sem compromissos (reais), mas cheios de um nada que nos vai distraindo e iludindo.
Os nossos políticos vão acentuando, destacando, os nossos quereres.
As respostas são as perguntas. Só que expostas de outra maneira.
É a cultura dos pontos, de exclamação e de interrogação.
Com os primeiros expõem a pergunta (o querer), com o segundo julgam os políticos (salvos as excepções, poucas) que nos contentam (ou será que alguns deles pensam que estão mesmo a dar respostas reais?).
Com as ideologias debitadas pelas esquerdas e direitas passa-se o mesmo. Todos nos dão respostas que não contêm, realmente, nada de concreto.
Ideologias que, aparentemente, querem o mesmo para todos nós, que aparentemente nos dão resposta a todos os nossos quereres.
Mas onde é que estão as soluções? Como é que vão satisfazer os nossos quereres? Onde é que estão as respostas concretas, da esquerda ou da direita, para a solução dos nossos quereres (dos nossos problemas)?
A grande maioria destes políticos que temos e que são fruto de nós próprios, falam muito, escrevem, discursam, respondem a entrevistas com duas ou três regras fundamentais e “sagradas” (para eles):
- Ganhar ou, pelo menos não perder votos (dentro do partido ou na sociedade).
- Manter viva a fidelidade dos seguidores e colaboradores por quem distribuem benesses).
- Insistir nas questões mais mediáticas, trabalhando a “roupagem”, fazendo considerações que sabem ressoarem bem nos ouvidos dos cidadãos e, com a repetição constante, as respostas serão entendidas, pelo povo, como verdadeiras soluções, boas e credíveis soluções.
Os discursos vão continuar, as entrevistas nos media não param, os colóquios não esmorecem:
Os nossos políticos não querem mudar nada, não querem reformar (a sério) o sistema, não querem “revoluções”, nem grandes perturbações.
Ninguém quer arriscar, ninguém se atreve a deitar abaixo e construir de novo. Nem nos respectivos partidos, nem muito menos no estado.
Lutam para manter e manterem-se, não querem, nem podem (?), arriscar pondo em causa regalias, privilégios, honras que os sustentam e os mantêm no topo da pirâmide do poder.
Mas o que é que será deste país e dos quereres de todos nós (quase todos) daqui a 10 ou 20 anos?
Os portugueses não desaparecerão tão cedo. Mesmo com uma taxa de natalidade baixa ainda duraremos muitos anos.
Mas o que é que terá acontecido para satisfazer os nossos quereres? Será que vamos ter um estado previdência impecável, verdadeiramente para todos, será que vamos ter e receber boas e justas respostas? Será que vamos ter empregos para todos? Será que vamos ter um nível de vida dentro da média europeia? Ou vamos continuar a ouvir e eleger políticos que aos nossos quereres respondem nada.
in Jornal "Diário de Notícias", "André Correia", 31 Agosto 2010
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